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O que fazer no Rio de Janeiro sozinha – a cidade maravilhosa ficou pequena para essa grande mulher! – Dicas de Dandara Feitosa

o que fazer Sozinha no Rio de Janeiro

Se você leu meu 1º artigo aqui no La Viajera viu que comecei pequeno, mas depois que a gente perde o medo, o mundo é nosso! E aí quem ficou pequeno pra mim foi o Rio de Janeiro! Veja dicas para curtir a cidade maravilhosa com pouca grana e muita diversão!

Picture of Convidada Viajera da vez: Dandara Feitosa

Convidada Viajera da vez: Dandara Feitosa

Assistente social, rolezeira, fã de Rap, de sangue indígena e coração caiçara!

Na minha primeira viagem sozinha so Rio de Janeiro, nas ruas de Botafogo. Colo sim em bar ou em qualquer lugar sozinha - mas não demora muito e já estou cheia de amizades!

Rio de Janeiro sempre me pareceu uma cidade apaixonante. Daquelas que você se apaixona de cara ou vai odiar pra sempre, sem meio termo. Aqui vou dar dicas para você viajar sozinha para o Rio de Janeiro e o que fazer com orçamento baixo.

E eu que cresci vendo o Rio de Janeiro das novelas, dos filmes e dos clipes, sempre imaginei uma cidade praiana com cara de metrópole, com samba, carnaval e Rap carioca. Se eu fosse escolher um lugar para morar um dia, certamente seria o Rio de Janeiro.

E por falar em Rap carioca… Depois de São Paulo, o Rio é o segundo berço do Rap, a galera que eu escutava todo dia no fone de ouvido estava lá, cantava sobre as praias, as batalhas, os rolês na Lapa e outras coisas mais. 

Ao mesmo tempo era assustador imaginar eu, uma mulher, sozinha andando pelo Rio de Janeiro, com tanta violência e coisa ruim que a gente vê todos os dias nos jornais. 

Mas era um lugar que eu precisava conhecer. E aí eu decidi me dar de presente de aniversário uma viagem de 10 dias pro Rio. Quer presente melhor que esse? 

Quando eu estive em Natal – contei essa história no meu 1º artigo aqui no blog La Viajera – no Congresso de Saúde Pública, eu dividi o quarto com uma menina que morava em Niterói. Sim, como diz minha amiga Evelyn Viajera, só fica sozinha em viagem quem quer, sempre fazemos amizades incríveis! Leia esse artigo mara dela sobre isso

Bom, Niterói não é exatamente Rio, né? Mas cidade vizinha tá super valendo! Ela disse que eu poderia ficar no apartamento que ela morava com os pais, e que era só atravessar a ponte Rio-Niterói que eu chegava na cidade maravilhosa. 

Era tudo o que eu precisava ouvir! Logo eu, que não sou o tipo de pessoa que nega convite. Então, meses depois, chamei ela e perguntei se o convite ainda estava de pé, ela disse que sim e eu parti pra cidade maravilhosa!

Grana curta não é empecilho pra quem quer viajar!

Lugar pra ficar eu já tinha, agora eu precisava achar uma forma de chegar até o Rio de Janeiro forma econômica! Pesquisei muito e decidi não ir nem de avião, nem de busão, eu fui de Blah Blah Car. 

Sim, peguei uma carona e fui para outro estado. Esta era a primeira vez que eu me aventurava a ir tão longe de Blah Blah Car. 

Encontrei uma carona de São Vicente (moro em Santos-SP, cidade vizinha) até o Botafogo. Tomei vários cuidados: conversei muito com a carona, peguei RG, CPF, foto atualizada, placa do carro! Veja top dicas de segurança para viajar sozinha.

Se você prefere viajar com todo o suporte de uma agência de viagens pra não passar nenhum perrengue, fale com a Evelyn na @agencialaviajera! Todo conhecimento e experiência a serviço dos seus sonhos!

Vai ter sorte assim lá em Botafogo, minha filha! Carona e bons amigos

Carona com gente inteligente e sangue bom! Só conversa boa de 013 a 021!

E pra minha sorte, eu fui com dois professores! Imagina você fazer uma viagem com um professor de Geografia e outro de História?? Massa, né? E ainda por cima eles são músicos e estavam indo tocar no Rio. Foi conversa boa da Baixada até o Rio! 

Chegando lá, encontrei minha amiga e partimos para Niterói. Fiquei os primeiros dias na casa dela, no mesmo fim de semana do seu aniversário, então já imagina… teve festa, bolo, parabéns, tudo isso num bom boteco carioca. Ficar na casa dos amigos tem suas vantagens, né? 

Ela era estudante na época, e estava naquela rotina de aulas pra assistir, textos pra ler, trabalhos infinitos, e eu não queria atrapalhar! Então me planejei pra ficar alguns dias na casa dela e o restante em um hostel baratinho em Botafogo, ficando um total de 10 dias no Rio.

Planejamento é o Segredo de Sucesso de Quem Viaja Sozinha

Meu velho bordão me abre muitas portas! Minhas novas amigas no incrível e tradicional Baile Charme

Ah, preciso dizer que eu sou daquelas viajantes que pesquisa tudo que vai rolar na cidade durante a viagem. Planejar é fundamental (leia aqui guia completo pra viajar sozinha). 

Gosto de pesquisar coisas que eu gostaria de fazer ou lugares pra eu ir – pontos turísticos, baladas, bares, shows, teatros – montar um itinerário e ir sentindo durante a viagem, o que rola mais, o que estou mais afim de fazer. 

A grande vantagem de viajar sozinha é justamente a possibilidade de fazer o que você quiser a hora que quiser. Então se o rolê tiver chato, eu tenho sempre um plano B que, óbvio, não é ir dormir.

O meu primeiro rolê sozinha no Rio foi a Feira do Lavradio. Mas não é qualquer feira, é uma feira gigante com montes de barraquinhas de artesanatos de todos os tipos e no meio delas, várias intervenções de música. 

Eu desci bem no começo da feira e fui andando, quando encontro na primeira rua que corta a feira nada menos do que um baile black! E não qualquer baile black. O Baile Charme

O baile mais famoso do Rio, só black music pesadíssima e a galera ensaiando vários passinhos. Nem preciso dizer que eu pirei! E lá fui eu com meu bordão: “Oi, eu não sou daqui, tô sozinha, será que posso colar com vocês?”. 

E assim eu conheci umas meninas lá super animadas e acabamos num bar no meio da Lapa, quer rolê mais carioca que esse?

Do fone de ouvido à realidade - o Rap do Oriente e Niterói

A amiga que fiz em Natal-RN me hospedou com todo carinho em Niterói. Valeu Thaís!

No meu último dia na casa da minha amiga, ela me levou para turistar por Niterói. Fui conhecer a famosa praia de Itacoatiara que o Oriente canta:

“Quero ir bem mais além

Que o mais e que o porém

Vou pra Itacoatiara, praiana lá sempre tem

Viver cem anos a mil ou mil anos a cem”

(Oriente – Hoje eu me sinto tão bem)

É, eu ouvia essas músicas e pensava que um dia seria eu lá, vivendo tudo aquilo que eu cantava, só que dessa vez não era sonho, era realidade! Depois de um dia de muita turistagem, ela me deixou no hostel. 

E eu que nem imaginava o que era um treliche fui descobrir da melhor forma: tentando subir uma mala pesada de viagem no terceiro andar de um “beliche de três andares” enferrujado e sambante.

Como eu queria economizar, escolhi o quarto mais barato do hostel, mais em conta mesmo, e claro, só podia ser um quarto misto com 15 pessoas! Confesso que ficar num quarto com tanta gente, tanto homens quanto mulheres, foi um desafio

Sair da zona de conforto, desafios e conhecer gente extraordinária no caminho!

Hoje eu não faria de novo, mas valeu como a superação de um desafio dormir em um treliche com 15 pessoas em um quarto! Coisas que fazemos quando a vontade é grande e a grana é curta!

Eu não tive grande problemas, mas hoje não recomendo que as manas façam isso. Você pode encontrar um quarto só para mulheres com menos camas, pagando um pouquinho mais, uma diferença mínima por um pouco mais de conforto. 

E acredite, isso faz toda diferença na hora de usar o banheiro. Podia ser uma furada, mas eu prefiro encarar como uma aventura e das boas.

Logo que cheguei, com cara de marinheira de primeira viagem, fiz amizade com duas meninas que estavam no meu quarto, que de cara me acolheram.  Ao longo dos dias eu fui conhecendo outras pessoas do hostel. 

Tinha gente de todo lugar do Brasil e do mundo! Não me esqueço de um senhor que conheci no hostel. Ele havia se curado de uma doença e depois desta experiência, resolveu pegar a mala e ir viver

Vivia no hostel, conversava com todo mundo, fazia comidinhas ótimas que me salvaram várias vezes e nos tornamos grandes amigos! Aliás, falando sobre comida, isso  também é muito importante planejar: o que se irá comer, viu? 

No meu caso, achei que dava pra viver de macarrão, requeijão, queijo e ovos. E claro não deu! Esse amigão me ajudou muito e estou aqui vivíssima pra contar essas histórias. 

Curtir o Rolê é preciso! Me joguei na Balada Carioca

O quarteto fantástico do hostel - curtimos demais o Rio!

Como boa rolezeira que sou, eu queria conhecer as baladas e bares do Rio! Escolhi ficar em Botafogo por uma questão estratégica. É um bairro da Zona Sul, bem localizado, com uma variedade de hosteis que não são tão caros, justamente por ser um bairro menos badalado que Copacabana. 

Além de ser relativamente próximo do centro e da Lapa e ter uma rua repleta de barzinhos, entre eles um famosinho pelo povo underground/descolado, que óbvio era o ponto do meu esquenta. Vocês vão me perguntar, ‘nossa, mas você cola sozinha no bar?’

Siiim!! Pegava uma cerveja, acendia um cigarro e ficava ali, observando. Até que adivinhem? Me aproximava de alguém e lançava meu bordão infalível

Depois de 4 dias seguidos no mesmo bar, eu já tinha feito uma quantidade considerável de amizades. Então nem precisava combinar, era só colar e ver o que aquela noite prometia.

Turistando e Caindo na Night do Rio de Janeiro com pouca grana

A zona portuária e os grafittes incríveis do grande artista Kobra

De dia eu aproveitava para conhecer a cidade. Fui as praias famosas: Copacabana, Ipanema e o Arpoador. Dei um pulo na Zona Portuária para ver os grafittes incríveis do Kobra – são obras de arte imensas – passei pela Lapa, só que agora de dia, pra ver a escadaria Selarón, o Aterro do Flamengo, tudo de graça

Como o dinheiro era curto, eu evitei os lugares mais famosos, como o bondinho pra ir ao Pão de Açúcar e o Cristo Redentor que tem um preço salgado.

Só de estar ali, em terras cariocas, acordar e ver o Cristo me dando bom dia, ou tirar foto com o Pão de Açúcar de pano de fundo, eu já estava realizada. Nem sempre numa viagem você consegue fazer tudo de uma vez! 

E quando não é um lugar muito longe ou caro, que dá pra voltar em outro momento, acho que vale a pena fazer algumas escolhas, eu queria gastar na balada então economizava em outros rolês.

No fim de semana era véspera do meu aniversário, aproveitei e coloquei meu nome na lista de tudo quanto é balada para entrar de graça. Me arrumei e saí pra viver! 

A primeira parada foi num ato pela Libertação do Rafael Braga na Cinelândia, com vários shows de Rap e claro que eu não podia perder. 

conheci uns meninos que iam pra mesma balada que eu queria ir, a Boiler. Depois do ato, seguimos todos juntos pelas ruas do centro do Rio. 

A balada era enorme e tinha até um terraço com o céu carioca maravilhoso, abençoando a festa, enquanto um DJ tocava aquele rap do bom! No primeiro andar da balada rolava batalha de RAP. Irado demais! Fiquei amiga destes meninos e nos encontramos ainda muitas vezes em outros momentos que fui ao Rio.

Solteira no Rio de Janeiro, parada em qualquer praia, sou solta em qualquer lugar…

Aquele passeio em Copacabana que não pode faltar!

Como boa viajante solitária que não se prende a nada, eu me despedi dos meus novos amigos e fui para o meu terceiro rolê na noite carioca. Uma baladinha na Praça Tiradentes, que tocava brasilidades.

Acabei meu dia, ou melhor, comecei do jeito mais tradicional possível, vendo o sol nascer nos Arcos da Lapa.

“A Lapa, a Lapa tá voltando a ser a Lapa, onde ainda

tem brasa, tem sinal de fumaça, já são 8 da manhã, a

gente ainda tá aqui.

[…]

Ficar esperando o sol nascer atrás do Arcos, se não conhece, pode chegar

parcero, o coração da Boemia, Centro, Rio de Janeiro”. (Marcelo D2 – Lapa)

Como canta Marcelo D2, lá estava eu começando o dia na Lapa, o centro da boemia carioca, de sambas e bambas. Onde você encontra gente de todos os estilos e lugares do mundo! É aquela aglomeração gostosa que dá uma saudade imensa.

Planejar uma viagem é importante, mas viver o momento e deixar que as coisas aconteçam também é! Eu acho que viajar sozinha tem dessas coisas que só acontecem quando a gente tá ali disponível e aberta pra novas relações. 

Então eu fiquei super amiga das meninas que me receberam no hostel e mais um paulista que estava que nem eu passeando pelo Rio. Era o quarteto fantástico daquele quarto, risadas, brincadeiras e muito afeto. Precisávamos de uma festa para celebrar nosso encontro.

E assim fomos a uma festa LGBTQi+ no topo de um prédio no centro do Rio! Quem já foi em festas assim sabe que são as melhores para dançar! Nós nos acabamos muuuuito! Foi a celebração da nossa amizade! Estes rolês que eu conto aqui pra vocês não tem fotos. Afinal, curtir o momento é importante e o que está gravado na memória ninguém apaga.

Para finalizar, no meu último dia, eu ainda fui prestigiar a conhecida Roda Cultural Catete, Glória, Lapa. Encontrei os meninos que conheci no ato na Cinelândia, e tive uma noite de muito Rap e boa conversa!

Os velhos questionamentos que a mulher que viaja sozinha ouve. Ouça apenas sua intuição! 

Durante toda a viagem eu ouvi um monte de perguntas e comentários do tipo:

Nossa mas você está sozinha?

Não tem medo?

Que corajosa!

Ah, queria ter essa coragem!

Pois é, durante muito tempo eu achei que não tinha essa coragem. Mas descobri que ela estava dentro de mim o tempo todo! Eu só precisava encontrá-la. Viajar sozinha é muito bom, mas precisa deixar seu radar ligado! 

Segurança é importante, gente! Assaltos e roubos terão em qualquer lugar, não dá pra dar bobeira, mas também não precisa deixar que isso seja um impeditivo de você viver o sonho de uma viagem. 

Abra o coração e sinta, se você se sentir mal ou sentir-se insegura, não se reprima, você só tem a si. Pegue um uber, um táxi e volte para o hostel imediatamente. É sempre bom deixar alguém avisado de onde você vai e quando volta. No meu caso, eu avisava as meninas do quarto. No mais permita-se viver!

“Ela chegou a mais de mil lugares que antes não chegaria

Viu a vista de paisagens que nunca conheceria

Chegou a concluir que conclusão é só seu ponto de visão

E que isso é sabedoria

Verdades absolutas pra ele já não servia

Porque o mundo se transforma pra nunca perder a magia”

(O viajante – Oriente)

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Boa viagem! 

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