MORAR FORA DO BRASIL - MINHA PRIMEIRA REAL AVENTURA

Dicas para morar fora - aprendizados da minha doce e desafiadora história na Califórnia

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Evelyn Cheida

Jornalista fundadora do blog que mais empodera a mulher para viajar

Meu primeiro contato com Tubarões: uma das muitas novas experiências inesquecíveis que tive ao me jogar ao desconhecido e ir mora fora na Califórnia (EUA)

Hoje trago dicas para quem quer morar fora do Brasil. Se você também quer realizar esse sonho, fale comigo na @agencialaviajera, eu monto intercâmbio com meus professores nativos a partir de 2 semanas de estudo pelo menor custo! 

Sabia que a minha primeira viagem sozinha, a primeira grande aventura da minha vida já foi logo morar fora? 
Pode parecer loucura para alguns ou um grande ato de coragem para a maioria. Mas a real é que para mim, a opinião alheia nunca teve muita importância. Foi a realização do meu maior sonho.

Calma, eu não te enganei quando contei da minha primeira viagem sozinha no Brasil. Mas é que eu fui com uma galera, e de lá resolvi seguir sozinha, mas por algum motivo essa história não me marcou. Meu grito de independência mesmo foi quando eu me joguei pro exterior.

Eu nunca quis morar no Brasil. Se no momento estou aqui, são por razões familiares. Na verdade, esse é o único motivo que ainda me segura. Minha gana de morar fora começou muito cedo, quando comecei a estudar inglês, ainda criança.

Minha professora tinha feito intercâmbio, e eu de cara me fascinei por aquilo. Ali determinei que queria isso pra mim. Queria viajar, falar línguas, morar fora, ganhar o mundo.

Aos 10 anos me tornei fluente em inglês e tracei meu destino. Seria uma mulher cosmopolita, do mundo. Meu pai não permitiu o intercâmbio – só eu pra sonhar que um pai que não permitia nem que eu dormisse na casa de uma amiga, me deixaria morar em outro país!

Mas eu tinha esse plano claro na cabeça. Cresci. Me formei em Jornalismo. Alguns anos se passaram.

Terminei um relacionamento tóxico (sempre essas histórias né? Já aconteceu na minha vida, na vida das colunistas do blog e claro, na sua também!) e decidi que era a hora. Mas outro boy lixo apareceu e me enredei em outro relacionamento complicado, de idas e vindas.

Até que em uma dessas idas… vendi minha moto, comprei a passagem, me matriculei em uma escola para conseguir o visto de estudante, tudo em um dos destinos dos meus sonhos – sim, um deles, porque sempre quis rodar o mundo e tinha e ainda tenho uma lista de lugares onde moraria.

O escolhido da vez foi a belíssima e encantadora cidade litorânea de San Diego, no sul da Califórnia.

Foi difícil convencer meu pai. Não faltou chantagem emocional da parte dele. Minha mãe sempre me deu força em relação a isso. Mas deixar o ninho é sempre muito difícil e doloroso, por mais que a gente queira muito. Fui embora com um mistura de coração partido e cheio de esperança ao mesmo tempo.

Ninguém disse que realizar um sonho são só flores. A pássara que queria voar é de cultura latina, por isso com forte vínculo emocional com seus pais. E a culpa por deixá-los a acompanhou em toda jornada.

Para morar fora, levei na mala muita coragem

Morar na Califórnia foi realizar meu maior sonho. Algumas mulheres sonham com filhos, eu sempre sonhei em viajar o mundo e morar forar - Missão cumprida e eternamente ongoing!

O que eu tinha a meu favor:

  • Muita coragem

     

  • Muita esperança

     

  • Muita alegria e vontade de viver essa experiência

     

  • Inglês fluente

     

  • Pré-adaptação à cultura americana em anos de estudo e preparação

     

  • Um visto de estudante para 5 anos (mesmo tendo pedido só 6 meses. Se quiser saber o melhor jeito de conseguir o visto americano assim, comente aqui embaixo)

     

  • Uma amiga que já tinha morado lá antes conseguiu um lugar para eu ficar apenas no primeiro mês

E os contras:

  • O visto de estudante nos EUA não dá direito a trabalhar, o que significa que teria que trabalhar ilegalmente

  • Eu não conhecia ninguém lá – ao contrário de todos os brasileiros que vão porque tem algum parente ou amigo (pelo menos todos os que conheci!) – ou seja, me joguei sozinha real, oficial!

  • A separação dos meus pais, a quem eu sempre fui muito apegada (doeu muito e pesou durante todo meu tempo lá, o que acabou me fazendo voltar eventualmente)

  • Meu pai era totalmente contra a minha ida e por isso eu prometi a ele – e principalmente a mim mesma – que jamais pediria um centavo enquanto estivesse lá (pode acreditar que cumpri a promessa)

  • Ser imigrante não é fácil. Ser estrangeiro não é fácil. Você está fora do seu lugar, do seu sistema. Sem plano de saúde, sem seus amigos de infância, sem sua família, em outra política, outra cultura, outra culinária com outros temperos. Sua cabeça sente, seu corpo sente. Por mais que você queira, existem dificuldades na caminhada. Mas em 3 meses eu já estava 100% adaptada, livre do ex e muito feliz!

Uma experiência única e indispensável

Não tem como contar tudo que vivi, mas foi uma experiência maravilhosa. Eu simplesmente tinha que viver. Seria uma mulher frustrada se não tivesse vivido meu sonho.

Algumas mulheres sonham com filhos e casamento. Eu sempre sonhei morar fora e viajar o mundo. Missão cumprida! Quer dizer, essa missão não acaba nunca. Que delícia viver sonhando e realizando o que queremos!

Tenho mil histórias para contar do tempo que morei fora do Brasil. Mas se o que querem saber é se valeu a pena, sim, valeu demais!! 

Depois dessa experiência transformadora é que me tornei uma viajante de verdade. Cresci. Me tornei adulta, mulher

Quando estamos em outro país, sem nossa rede de apoio, É ONDE NENÉM CHORA E MAMÃE NÃO VÊ! “A bala não é de festim, aqui não tem dublê!” (Racionais). Não existe opção, ou você cresce ou cresce!!!

Depois disso, passei a viajar todo ano para fora do Brasil. Minha mãe se tornou uma grande parceira de viagens, fizemos várias trips lindas juntas. Nossa relação melhorou muito.

Meu pai faleceu 6 meses depois que voltei. Imagine a culpa, imagina a dor. É na terapia que a gente aprende que não existe culpa, que devemos seguir nosso caminho, que tudo é como deve ser, mas que dói, dói…

Fiz viagem longa com namorado (vai ter dedo ruim assim na p….) e com amigas e pra dizer a verdade, foram péssimas experiências

Cito a primeira colaboradora do blog, Luciana Cardoso: “coragem é preciso ter para viajar em grupo! Viajar sozinha é uma benção!” 

E então, assim como ela, descobri a maravilha que é viajar sozinha. Foram as melhores viagens que fiz na vida. Quando vamos abertas ao novo, e por isso, nos permitimos conhecer as pessoas mais incríveis. Não quero outra vida.

Não tem preço - o que ganhei de mais precioso

Experiências e aprendizados inesquecíveis. Amigos que ficaram em minha vida para sempre. Na foto, bem juntinho, meus queridos Ina Moreira e Serhat Sergin em uma deliciosa day party at the park
  • Aprendi a falar uma terceira língua – na Califórnia existe uma comunidade mexicana gigante. Eu que não sou boba nem nada, aproveitei essa convivência para aprender o Espanhol!
  • Aproveitei ao máximo com a grana curta que tinha. Muitos rolês, baladas e as viagens que deu pra fazer. Algumas: Nova York, Big Bear (neve), Palm Springs (deserto), MéxicoLas VegasSan FranciscoLos Angeles, Santa Bárbara e quase todas as cidades da costa da Califórnia, além de toda a icônica estrada 101, incluindo a belíssima Big Sur (paraíso!)
  • Amigos para toda vida. Quando moramos fora sentimos uma necessidade de formar uma família, laços fortes. Passar juntos os natais, páscoa, Thanksgiving. Tenho amigos que moram pra sempre em meu coração, mantemos contato e já nos vimos novamente quando voltei na minha Sweet Cali!!
  • Conheci gente de todo o mundo (foi a primeira vez, isso acontece em quase todas as viagens internacionais). Lá tem comunidade de tudo que é lugar do planeta!
  • O aprendizado é absurdo, tão grande que não cabe em texto ou em livro nenhum. A diversidade de culturas, de experiências, de pessoas que conhecemos no caminho. Sair da nossa zona de conforto é o maior presente que podemos nos dar na vida!
  • Estudar em uma College americana. Ter a oportunidade de viver a experiência única de escolher cursar aulas totalmente diferentes (Yoga, Violão, Oceanografia, História, Literatura, etc). Algo completamente oposto do que vivemos na universidade no Brasil!

Desafios e perrengues

  • Roomates

Não fui acostumada a dividir quarto, então ter roomate (colega de quarto) não foi fácil, tanto que só tive por 2 meses. Definitivamente não é para mim. Mas lá é quase impossível conseguir morar sozinha nos primeiros anos devido ao alto custo, então dividir pelo menos a casa é inevitável.

Mas tive muita sorte. Morei em edícula. Também morei em uma casa onde a dona vivia em outro estado e nunca aparecia, e o outro roomate era da Marinha, enfim. O universo pode conspirar a favor dos nossos desejos, rs!

E também dividi a casa com um querido da minha cidade, mas que só conheci lá! E virou um desses meus grandes amigos for life! O mundo é um ovo!

  • Saúde

A saúde é uma grande questão nos Estados Unidos. Eu rezei durante os dois anos em que estive lá para nunca precisar de um hospital e graças a Deus fui ouvida! Conheço gente que pagou US$ 25 mil em uma simples cirurgia de apendicite! Algo que qualquer brasileiro faz pelo SUS – mas reclama dele. Minha amiga pagou US$ 700 por um raio-x na Flórida recentemente!

A única vez que fiquei muito mal, foi em meu segundo mês em San Diego. Creio que peguei a “flu”, que é tipo uma virose braba! Fiquei 5 dias com muita febre, vômito e diarreia, foi horrível. Me indicaram uma “Free Clinic” que cobrava US$ 50 pela consulta. 

Joguei meus preciosos dólares fora. Disseram que não me receitariam nada até que saísse o resultado do exame que demorava mais 5 dias! Adivinha? Até sair eu já estava curada e nem fui buscar o resultado! É claro que foi absoluta loucura morar fora sem ter feito um seguro viagem!  

Se você ainda não viu o perrengue que passei na Colômbia porque viajei sem seguro viagem, veja aqui

  • Ser obrigada a estudar (e gastar) para manter o visto

No meu caso, para manter o visto de estudante, era obrigada a ter no mínimo 75% de frequência escolar. Para quem vai aprender o idioma do país que vai morar, permanecer anos estudando é uma ótima pedida. Mas eu já era fluente desde os meus 10 anos de idade e ter que frequentar a escola atrapalhava demais a minha vida.

Tinha que frequentar e pagar a mensalidade, o que pesava no orçamento e na minha agenda. Afinal, precisava trabalhar duro e fazer dinheiro!

Como eu já não queria mais estudar o Inglês (8 anos no Brasil, mais um ano lá já foram suficientes), resolvi ir para a faculdade. Frequentei por um ano e foi uma experiência incrível. Porém o custo de uma faculdade – mesmo sendo a tal community college – para estrangeiro é 5x o valor que custa para um americano.

Essa, sem dúvida, foi uma das coisas que mais pesaram em minha decisão de ir embora.

  • Trabalhar em subempregos

Eu já era uma jornalista formada. Mas lá eu era uma estudante internacional, sem permissão de trabalho. Todo estrangeiro que se vira nessas condições (tirando muitos asiáticos, que esbanjam dinheiro no shopping rsrs) precisa trabalhar fora de sua profissão para sobreviver. 

Comigo não foi diferente. Trabalhei como busser, hostess (descobri que existia dor até no quadril nos turnos de inverno, ao ficar horas posando de modelete na porta dos restaurantes), garçonete, delivery, e fiz muitos eventos. Os jobs mais próximos da minha área de formação foram de marketing e promoção.

  • Relacionamentos amorosos

Prepare-se para um verdadeiro choque cultural ao se relacionar amorosamente fora do país. Absolutamente tudo é diferente do que estamos acostumadas. 

A paquera, a abordagem, o encontro, o tempo que leva para o primeiro beijo, a forma de expressar sentimento, o respeito, a maravilhosa falta de ciúme (eles têm, mas respeitam você como mulher e o manifestam de forma muito diferente). 

Beijar na rua não rola, você pode ouvir um alto “Get a room!” das pessoas ao redor. Andar de mãos dadas também não é muito comum. Mas eu andava com my boo, sim! Claro que tudo vai depender muito de cada pessoa, lugar, criação, cultura…

Mas isso não quer dizer que os “gringos” não sejam calorosos, românticos e amorosos!! Apenas são bem diferentes do que estamos acostumadas! 

Uma coisa posso garantir: eles estão anos luz à frente de nossos queridos latinos em relação ao sexismo (não são machistas!). Fato!

Só esse tópico já daria um artigo, rs. Quando estamos lá fora, a carência aflora (até rimou)! E não é nada incomum sentirmos vontade de ficar com alguém de nossa própria cultura, de nos sentirmos acolhidas, de ter aquela sensação de familiaridade.

Antes de ir, eu achava isso até absurdo, mas muitas brasileiras acabam ficando com brasileiros. Mas vivendo lá pude compreender bem as razões, essas que acabei de te explicar. Acontece nas melhores famílias e eu também não fugi à regra, rsrs. #temperobrasileiro #coisanossa

Cada vez mais brasileiros decidem morar fora - e o perfil do emigrante amadurece

Fui muito feliz no tempo que morei fora. A Califórnia será pra sempre minha segunda casa. Na foto, a maravilhosa Los Angeles, vista do incrível Getty Museum

Desde 2018 vem crescendo, e muito, o êxodo de brasileiros para o exterior. Naquele ano, 22,4 mil pessoas fizeram declaração definitiva de saída do país.

Portugal parece ser a opção número 1 de nossos conterrâneos nos últimos anos. O país já acolhe mais de 150 mil brasileiros em seu território. É muita gente!

De acordo com matéria veiculada na Gazeta do Povo, em 2019, o número de pessoas que optaram por deixar o Brasil e se mudar definitivamente para o exterior foi mais que o dobro (crescimento de 125%) do registrado em 2013

Essa estatística se refere apenas às emigrações com Declaração de Saída Definitiva registrada pela Receita Federal, as únicas das quais há dados concretos.

Além do aumento registrado no período – com pico em 2018 –, o perfil do emigrante brasileiro mudou. Antes, as pessoas que deixavam o país eram em sua maioria solteiros com ensino superior. Agora, são mestres, doutores, casais e famílias completas que formam a maior parte desse êxodo do Brasil.

#exodus. “Movement of Jah people…”

Sonha fazer um intercâmbio nos Estados Unidos também?

Sonha em morar fora do Brasil também? Pra onde quer ir? Conte comigo nessa jornadaTudo vale a pena se for o que você quer de verdade!

Em minha agência de viagens, a La Viajera, eu promovo um intercâmbio na Califórnia na escola dos meus professores nativos e excelentes, ou seja, eu comprovo 100% da qualidade de ensino, sem falar na qualidade daquele lugar maravilhoso!! Venha realizar esse sonho com quem sabe! Fale comigo na @agencialaviajera.
 

Como já disse, tenho mil histórias para contar da minha experiência ao morar fora do Brasil. E ainda terei mais, pois é algo que farei de novo, com certeza! 

E você, já morou fora? Onde?

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