Sempre tive a curiosidade de viajar sozinha. Desde minha infância fui muito independente, o que me trouxe algumas habilidades, e experiências de vida.
Porém, desde cedo em um casamento, terminado há poucos meses, nunca encontrei espaço pra poder realizar esse sonho. Mas sempre repetia que um dia eu iria viajar sozinha, principalmente ao ver experiências de amigos.
Era algo pendente, dentro da minha listinha de coisas a fazer pelo menos uma vez na vida.
E entendi o prazer que é… Tudo no meu tempo, com atenção exclusiva, curtindo cada pedacinho do lugar, do meu jeito.
Pela primeira vez dirigi sozinha por estradas desconhecidas, cantando com o vento batendo no meu rosto, no maior clichê de liberdade. E me senti assim.
Aproveitei as praias no meu tempo, observei as conchas, a areia e a paisagem. Tirei fotos como eu queria sem me importar com olhares alheios.
Vi lugares que normalmente estariam lotados, onde dividiria com desconhecidos a paisagem na foto, só pra mim.
Foi assim com a praia de Porto de Galinhas, que minha mãe não reconheceu nas minhas fotos, devido à ausência de ambulantes e jangadeiros.
Respeitei as minhas vontades e preferências. Como quando conheci a praia de Muro Alto, linda e super famosa, mas que naquele dia estava própria para surfistas e não pude aproveitar o mar.
Então curti a geografia e natureza daquele lugar, logo procurei outro espaço pra admirar e aproveitar.
A natureza é com certeza minha maior prioridade… Mas também sou apaixonada por cultura e gastronomia.
E foi por Olinda que me apaixonei. As ruas do alto exalam história, e eu não cansava de admirar mesmo que só do lado de fora dos espaços.
Com muitos museus, espaços e restaurantes fechados, não pude me dedicar à esses pilares, mas como disse Saramago:
“Nenhuma viagem é conclusiva. Quando uma viagem termina, outra imediatamente se inicia, já que sempre é preciso ver o que ainda não foi visto ou ver com novos olhos o que já se viu. Sentir o sol onde primeiramente a chuva caiu, ver de dia o que se viu de noite, conversar novas conversas, sentir de novo os velhos aromas, ver a onda que mudou de lugar, a sombra que antes não estava ali. É preciso voltar ao caminho que já se fez, para traçar caminhos novos ao lado dele. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.“
Me senti leve e livre… A elevação dos níveis de serotonina e endorfina me preencheram, me deixando feliz como há meses não me sentia!
Por ser um período atípico, perdi alguns passeios, mas ganhei tranquilidade e o privilégio de ter tão poucas pessoas em pontos tão comumente movimentados.
Nos últimos meses havia me perdido de mim. Essa viagem foi um ponto de reconexão. Foi o pontapé de uma nova fase de reconstrução.
10 respostas em “Uma Viagem na Quarentena – por Fernanda Carvalho”
Experiência registrada com sucesso. Obrigada pelo espaço e poder transcrever esse momento importante da minha história.
O La Viajera foi criado para isso! Obrigada pela confiança! Let’s travel!
Que experiência belíssima e bem descrita. Parabéns!
Obrigada Marcel! 🙂
Que lindo! O relato sensível e sincero (meus olhos se encheram!), a experiência em si, a intenção desse blog… Quanta beleza compartilhada!
Obrigada prima…. Poderia relatar sua história Tb.. Não consegui escrever como gostaria, mas valeu bastante…
Parabéns pela ousadia! Serviu de inspiração para mim!
Que bom, fico contente em inspirar alguem!!! Aproveite!!!!
Que tudooooo!!!!! Sou louca para conhecer Porto de galinhas. Era pra ter ido em janeiro, mas teve aquele incidente com o óleo nas praias, fiquei receosa de ir. E fui pra a serra gaúcha. Ainda pretendo ir para Porto de galinhas, curtir a praia, como eu gosto de curtir, e ficar relaxando.
Lá é muito maravilhoso, tem que ir mesmo que vai amar!